terça-feira, 10 de junho de 2008

Conversando


Nós os macacos somos todos matadores, pichadores, linchadores, sonegadores, mentirosos, assassinos, estupradores, fazemos de tudo para nos sairmos bem com o bolso cheio. É disso que se compõe a sociedade hoje, de macacos espertos.
Possuir identidade nos dias de hoje é um ato irascível. Provavelmente porque as pessoas querem sempre ser o que não são. Qual das verdades atuais reflete o verdadeiro espírito dessa época difícil e apavorante que atravessamos, sem ao menos tomar conhecimento de quem somos na realidade, senão um povo manchado pela corrupção que agora se instalou até mesmo nas escolas entres as crianças? Toda essa cacofonia atual da vida me faz lembrar uma música da Rita Lee chamada “João Ninguém”. Será que nos basta possuir as coisas, e também destruí-las? Aquilo que somos é o que molda o planeta é o que conduz a vida. O preconceito e a ignorância que infelizmente ainda estão muito entranhados em nós os macacos, estão logo abaixo do orgulho e da ambição desenfreada na lista dos sentimentos latentes em cada um de nós. Sem falar na mania de grandeza que alguns possuem, e que não adianta nem mesmo você saber mais do que eles, pois sempre vão ter um jeito de te passar a perna.
As pessoas também adoram ver algo errado no amor, pois são programadas assim. Pela sociedade e pela educação falhas, pela igreja que não vale nada e não forma mais homens de bem há muito tempo, pelo próprio meio ambiente. Se tudo não estiver certinho como eles gostam, homen com mulher, vão achar esquisito e inaceitável, porque na verdade eles é que são assim. São incapazes de entender que o amor nasce da empatia que você tem com alguém. Não se pode condenar o amor, seja ele como for hetero ou homo ou com diferenças de idade ou sei lá mais o quê. Deus em nenhum momento condena o amor. Os homens e os padres sim, sempre, todo dia. Mesmo quando praticam sua pedofilia doente.
Essa é a pior forma de preconceito, se você for gay, bonito, inteligente, discreto, estudioso, as pessoas vão sempre gostar de você , conviver com você, te aceitar. Mas no fundo, irão sempre dar um jeito para que as coisas não dêem certo pra você. Vão te tratar como lixo e vão te encher de elogios referente ao seu corpo, e o pior você vai começar a gostar de ser tratado como lixo.
Esse é o pior preconceito, das pessoas do seu próprio meio, como já aconteceu comigo.
O jovem de hoje não tem poder de escolha. Porque a mídia manda em tudo. A mídia dita, a musica que você vai ouvir, a moda que você vai seguir, a droga que você vai usar, você não tem opção nenhuma. E se possuir identidade própria você está fodido porque vai ficar alienado. Não tem escolha, ou você gosta daquilo, ou não faz parte. Mas fazer parte do quê?
O jovem de hoje não sabe amar, por medo de se apegar, não quer se apegar a nada. O jovem de hoje, quer curtir, quer se drogar, quer roubar e matar, espancar e violentar. Porque quando você se apega demais a algo você acaba sendo devorado e sem saída. Nada mais é seguro no seu mundo, meu amigo. Nesse mundo medíocre cheio de merda até o pescoço. Mesmo quando tudo está contra você, a vida, a família, a escola, o emprego, namorado, amantes, pais, amigos, o caralho, tudo. Se você acaba se apegando a algo, acaba sendo consumido porque vai estar totalmente imune, esgotado, de lutar, de se revoltar, de ansiar por uma pureza que não existe mais, de sofrer com tudo o que acontece à sua volta e se perguntando até quando vai durar essa porra. Quando é que tudo vai explodir de uma vez. Por isso as pessoas se drogam tanto, além do normal, além da mera diversão, pois querem desesperadamente escapar de si mesmas, sentem-se no limite de uma irrealidade, ultrapassando o ponto suportável até onde a dor aguenta, quando a única coisa que acalma todo esse desespero é a anestesia, a paralisação total dos sentidos. É se entregar ao desespero do sexo anônimo e repleto de perigos com qualquer um. Ou ficar paralisado, dopado, começar a agir como um robô atendente de telemarketing, a voz mecânica da felicidade que tem um preço alto, a atitude falsamente positiva dada pelas terapias alternativas, a figura triste que sorri, tentando escapar do inferno, descobrindo que o inferno é o próximo que te deseja, na noite ao teu lado, no meio da música alta tentando te roubar. Somos todos vítimas um do outro, vitimas da carne do próximo.

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