sexta-feira, 16 de maio de 2008

Subequatorial



hoje me sinto bem. sempre me sinto bem quando a chuva para. o oeste escuro me assusta. meu céu invernal. corrente fria que brota do nada. sinto-me ligado de forma definitiva em tudo o que seja mortal para mim, mas pode ser que eu esteja enganado. acho que não conheço muito os meus sentimentos, eles mudam a toda hora. tudo o que é beleza é tão pé sem cabeça. me sinto navegando pra lugar nenhum.
mesmo enquanto não me recordava de você, me via vivendo uma vida vivenciada em vivências obscuras. o astronauta não pode viajar sem saber o quanto pesa o peso dos seus passos. descubra os braços. mostre os laços. solte as amarras. os traços de inferioridade escorrem dos teus olhos como que limpando tudo. limpando a pele, a íris, o cílio. talvez secando o amor. gosto de imaginar isso que o amor se seca como que picado por um escorpião. às vezes tenho essas viagens trágicas fantásticas. gosto de fantasiar em cima de tudo um pouco. mas o que é realidade?
descobri que a extensão da coragem que possuo é a mesma em relutância. e isso me assusta porque ainda não conheço a dimensão desses pólos. e também não aprendi a equilibra-los. equilibrio. preciso aprender a esquecer essa palavra, como faço com teu nome. um brilho some no céu. acabo de ver uma supernova (estrela que explode violentamente, aumentando em milhões de vezes sua luminosidade, encerrando depois, sua fase ativa). será que isso possui algum significado? será que alguem mais viu? preciso entender esse sentimento profundamente. e também com respeito. às vezes te odeio por quase um segundo. e tento segurar essa energia ao máximo e tento aproveitá-la de alguma forma que me alimente. me faça reagir. tento não ser agresivo, às vezes. certos traços meus são fortes demais. em certos momentos o tempo não passa. eu poderia me perder correndo os corredores do apartamento em silêncio. me perder pelas paredes aparentes do edifício. eu poderia abrir todas as portas e olhar além delas. e descobrir com alívio que em nenhuma se encontra sequer sombra de teu pensamento. na verdade eu me senti eubióticamente atraído por você (se quiser saber o que quer dizer vá ao dicionário). é exatamente esse o sentimento, talvez você entenda também com absoluta coerência como me sinto agora. você sabe eu te disse. por enquanto me contento em te deixar em paz. em preferir esquecer tua íris tranquila e serena, quase azul como os lótus dos pés de krishna. você sabia que krishna tem os pés perfumados? onde será que ele pisa? eu poderia também mudar de quarto todas as mobílias. e em cada um matar um membro da família. talvez esteja acontecendo finalmente algum tipo de revolução na minha consciência. e também no coração, sei lá, derepente me deu uma leveza com essa estória da estrela, que parece que entendi um pouquinho da linguagem do universo. me fez sentir que de alguma maneira o tamanho ridículo do meu mundo, não tem a menor importância. e que não preciso forçar o encontro entre a plenitude e a morte o que fatalmente vai acontecer um dia. vou entrar na sua casa abrir as janelas e deixar entrar todos os insetos.

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