sexta-feira, 30 de janeiro de 2009


Hoje é um dia sim. Houve muitos dias não até ontem, que engraçado. A gente não acredita em certas coisas até que elas passam a existir. Antes eu estava assim, dia sim é quando estava bom e dia não é quando tudo desabava, ou seja, não estava. Em duas semanas houve sete dias não. Num dia sim, corria tudo bem. De manhã a rotina da academia, depois à tarde, caderno e caneta na mão e a cabeça quieta, repleta, entupida de palavras, idéias, pensamentos, frases desconexas, palavras, convergências, regras gramaticais, linguagens, palavrões, Buarque de Hollanda, sexo, medicina, obras de arte, cadáveres, palavras, diálogos concisos, livros, emoções impossíveis de descrever, mais palavras, lógica e os hemisférios pacíficos. Num dia não eu ficava bem louco, alucinava de impaciência, me trancava, chorava, morria, me matava, más palavras, vaticínios, ódio em silencio, vontade de não sei o quê, um descontrole total, sentindo um monte de coisa junto, tinha que me trancar numa jaula e os hemisferios em prontidão de armas. Eu procurava a todo custo ficar quieto. Mesmo bloqueado eu tentava escrever algo aqui, postar alguma coisa com lucidez e verdade, mas eu estava descontrolado e meu senso de clareza estava distorcido assim como todo o meu conjunto, toda a maquina, cabeça, membros, sexo e tronco. Então eu apaguei muita coisa nos últimos dias e não falo mais nisso. A verdade é que agora eu estou bem, por conta de umas brisas, uns passeios pela avenida depois da chuva e uma foto que bateu aqui, eu melhorei, simples assim e eu acho isso um barato, porque pensei, não é que aquele danado tá certo? Que ele sabe disso mesmo? Hoje é um dia sim e amanhã também será.

Às vezes perco a noção das coisas, das atitudes, dos gestos, das palavras. Essa cegueira cooptada pela ansiedade das coisas paradas, das almas inquietas e sombrias que permutam os esquemas de aproximação que não canso de idealizar, para conseguir aquilo que quero. Esse lance de usar certos artifícios vem da infância, de uma época em que as coisas começaram a acontecer. Talvez toda essa minha loucura, a ansiedade desenfreada, a alienação que isola meus lados bons, aqueles que você ainda não conhece, as repetições patológicas das mesmas situações, todo esse deslocamento de escolhas incertas que trago hoje em minha bagagem, nada mais seja do que uma urgência desesperada em querer ser calmo e quieto. Deixar as coisas irem, rolarem quietas pelas águas do meu querer, cada uma em seu lugar pelas alamedas onde sossego. Onde guardo todas as minhas certezas e os meus segredos um a um, num escaninho entre os espinhos venenosos pra não deixar ninguém mexer. Onde foi que desaprendi isso?

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009


Querida Zezé, las cartas no mienten jamás!! Agora em fevereiro vou entrar numa vibração boa, por conta de umas sérias mudanças na minha postura mental, será que é assim que a gente vira adulto? Aos poucos sinto que o emocional está meio que baixando a guarda, apesar de não parar de chorar, jogar as cadeiras, chutar as coisas, aprontar um escândalo, dizer que não vai deixar e até mesmo está tentando algo agora nesse mesmo momento. Eu tento dizer a ele que não adianta, mas ainda resiste e eu sinto que ele está sacando algo que eu mesmo ainda não assimilei, isso quer dizer que bem ou mal ele está em comunicação comigo. Acho que qualquer hora dessas, ele, desiste das comedias e resolve encarar o pesado. Eu não estou nem aí, Zezé, pois quero mais é ver esse circo pegar fogo e deixar os dois se matarem no ringe, eu e eu mesmo se batendo brigando, porque um quer se agarrar àquela louca paixão, gritar pedir, implorar, rolar na cama, se perder nos abraços, sufocar, enlouquecer de tanto gozar e o outro sabe que o amor puro, aquele que já é o requinte da paixão, o que já foi elevado ao nível da compaixão, deixando até o tesão mais gostoso e saudável, aquele que faz a gente rir das próprias ingenuidades e criancices, esse sim vale a pena lutar e sobreviver e é por esse que eu brigo.

domingo, 25 de janeiro de 2009


Querida Zezé, eis me aqui vivo. Novo dia, nova semana. Espero que daqui pra frente tudo se ajeite na minha cabeça e também no meu coração. O intelecto está calmo, tranquilo seguindo em paz, mas o emocional está revoltado, ácido, rancoroso, trancou-se em seu quarto. Só não posso deixar que ele me atrapalhe. Semana de escolhas, de despedidas incertas, de fim das tristezas . Uma impressão de que me levaram algo embora. Como é que se segura essa onda?

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Affffffe Mariiiia!


Em meio à festa que aconteceu em Washington na posse do novo presidente americano, Barack Obama, nesta terça-feira, 20, uma coisa todo mundo se perguntava: que diacho de chapéu era aquele usado pela Aretha Franklin? Affffffff!!! No dia seguinte a Ellen xoxou ela em seu programa, adorei. Estou louco pra ver.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

De conversa.


Gosto de saber que há, ainda, pessoas integras e bacanas nesse mundo. Gosto de saber que estou cercado por elas. Meu mundo fica um pouco mais seguro. De repente em algum lugar dessa estória deu-se um efeito borboleta, saca? E eu ando um pouco assustado, tentando segurar a onda. É difícil ter que reconhecer que eu não mudei nada, parece que retornei no tempo e agora ando perdendo o sono por causa disso. Ao mesmo tempo tudo me deu uma leveza, ando lendo os sinais dizendo que vem vindo coisa boa pra mim. Vamos ver, já dizia Ray Charles. Preciso muito me acalmar. Alguém pode me ceder uma receita de tarja preta?

domingo, 11 de janeiro de 2009

Amor.


O ódio nada mais é que o amor ás avessas. Pra mim a Flora tem um amor doentio pela Donatela, essa coisa de querer ser a pessoa, possuir tudo o que ela tem, e tranca-la, guarda-la num lugar seguro é bem mais complexo do que uma simples inveja. É um amor recolhido, que ficou guardado, seja por rejeição, negação ou uma postura do ser amado. Dependendo da intensidade do sentimento, ele vira um ódio com as mesmas proporções, é o próprio sentimento ferido reagindo à psique da pessoa, que passa a querer fazer sofrer de todas as maneiras possiveis aquele que odeia, ou seja, ama, fazendo-o sentir a mesma dor de solidão por não ser correspondido. Tantas pessoas sofrem assim e às vezes em silencio.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

James Brown in the jungle groove.


É impossivel ficar parado ouvindo esse disco. Funk e soul de primeira concebido pelo mestre dos mestres. Batidas dançantes que te fazem sacudir parecendo que recebeu um orixá doidão. Experimente você também.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009


Outro dia no supermercado uma mulher, uma destas moçonas grandes, uma trintona jogada fora, tava até arrumadinha meio asseada, ali parada em frente às prateleiras de produtos de higiene quando de repente do nada, ela pegou um desodorante e usou-o, perfumou-se toda com um daqueles axés sabe? É um desodorantezinho filho da puta com cheiro de lavanda de pedreiro, um erro, uma absoluta falta de vergonha, uma cara de pau ela lá usando o desodorante na minha frente e depois o colocou de volta em seu lugar. Fiquei tão indignado que fiquei mudo, meio até com vergonha de eu próprio ser visto por ela, mas a encarei fortemente como se o ET ali fosse eu o que de fato era. As pessoas não possuem mais educação. Sou a favor de que se estude em casa, por conta própria aquilo que se quer aprender. Um professor, ou melhor, um mestre, para ensinar deveria acima de tudo fazer isso por prazer, mas isso é um mero sonho, hoje, professores estressados sem a mínima vontade e simpatia pelos alunos, ainda mais com o salário de merda que um professor ganha nesse país, não estão nem aí. As universidades não qualificam como deveriam seus estudantes. É só prestar atenção nos novos médicos, os formandos de cada ano. Isso eu posso dizer: uma amiga sentiu algo na barriga e resolveu ir ao medico um desses públicos que você fica esperando um tempão, “e o camarada”, ela dizia, “o camarada nem olhou pra minha cara me mandou fazer um exame lá, tirar uma chapa e tal, demorei horas em outra fila, e depois quando voltei pra falar com ele, mais outra fila, ô país pra se ter fila, diz que no médico de bacana também é assim, eles marcam duas, três pessoas no mesmo horário e fica aquela gente lá na recepção com cara de besta vendo a novela, adianta ter dinheiro? Lá por um lado é bom porque tem tv e além de ficar vendo a novela a gente aproveita e pega um arcondicionado”, falava muito essa minha amiga mas eu a interrompi e ela retomou a estória, “então, ele olhou meu exame, e disse que era um mioma e que eu ia ter que operar, te juro fiquei morta de medo, não fosse o meu marido e a minha sogra juro por Deus que tinha operado a sorte é que eu procurei outro médico de tanto que eles falaram, e esse me disse que eu estava grávida, eu acreditei né? Fiquei contente com a notícia e tão indignada com o outro médico, que quando o neném nasceu eu enfrentei outra espera com o tal só pra mostrar pra ele. Quando chegou a minha vez eu disse doutor, esse aqui é o Felipe, o mioma que o senhor diagnosticou a nove meses atrás."
Achei ótima a estória dela porque mostra como está a realidade em certos setores e por aí vai.
O Brasil é o país da Televisão, onde os ricos são sofismáticos e hipócritas e tudo gira em torno do ego. O governo sempre aquela fraude, no senado cheio daquela gente velha que não sabe nada de verdade. Ninguém se dá conta de que as coisas estão saindo do controle, e que o sofrimento é que causa violência, a descrença, a falta de fé - culpa dos líderes religiosos que são incapazes de formar homens de bem, está tudo muito equivocado no pensamento e na vida das pessoas.
Tudo isso comecei a pensar depois de dar de cara com aquela coitada que surrupiava um pouco de desodorante chinfrin sem a mínima vergonha e cheguei a conclusão de que ela está certa e merece meus aplausos, pois me fez pensar tudo isso.

Belo dia hoje não?


Essa bela paisagem pintada pela minha mãe vela meu sono todas as noites. Gostaram?

sábado, 3 de janeiro de 2009

Considerações de ano novo.


Em 2009 vou continuar o que tenho feito até agora. Aprendendo a ser uma pessoa melhor, me educando da melhor forma possível, por que no fim das contas o que temos mesmo é somente nossa inteligência. Tentando vencer meu próprio demônio, brigando, tipo os dois no ringue mesmo, você e você, os dois brigando querendo a vida para si, querendo vencer. E jogam baixo. Tentarei ser mais comunicativo com os amigos que gosto, muito deles já não me vêem à séculos. São pessoas que em algum momento foram importantes pra mim, que me ensinaram algo. Não sou de ficar proclamando aos ventos falando de fulano ou sicrano, por que o que importa não é o santo e sim o milagre. Não sou de demonstrar muito quando gosto de uma pessoa. Tenho um problema não resolvido com afetividade, mas esse é só um dos muitos que a minha louca, porém viva cabeça comporta. Vou tentar assumir pelo menos um compromisso comigo mesmo, o que para mim já vai ser um grande passo, aprender a ser mais afetivo e natural com eles, também vou tentar ficar bonzinho no meu canto longe de encrencas e de relacionamentos sem sentido, e se um dia a fome apertar, eu prometo também que vou mentir mais ainda no msn de pegação.

Assinado: O Ladrão de Textos.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009