terça-feira, 14 de outubro de 2008


O estilo que consagrou Rubem Fonseca como um dos maiores autores brasileiros contemporâneos se mantém intacto. Mas 'Ela e outras mulheres' leva algumas das características de sua literatura a patamares extremos. A concisão e a dureza da linguagem, por exemplo, atingem o pico em contos como "Ela", breve relato sobre o início e o fim de um relacionamento, marcado pela carnalidade explícita e pela máxima do narrador: "Na cama não se fala de filosofia".
Um olhar que se aproxima da violência e das pequenas obsessões escondidas no dia-a-dia está presente em contos como "Miriam", em que uma funcionária de banco, atormentada pela sensação de ter um corpo estranho preso na garganta, cultiva com satisfação seu poder de recusar empréstimos aos "pobres-diabos que têm que aprender a viver dentro de suas posses". A temática dos matadores de aluguel, recorrente na obra de Rubem Fonseca, também figura aqui numa série de contos protagonizados por um mesmo assassino.
Embora haja homens como narradores e protagonistas, são as mulheres que desencadeiam os conflitos e põem em movimento tramas que quase sempre adquirem contornos perversos e cruéis. São histórias cheias de violência, vingança, desejo e obsessões, em que as mulheres definem o destino dos homens.
Eu recomendo. Leitura agil e dinâmica para você que como eu não tem saco para divagações chatas de escritores velhos. Rubem Fonseca é genial.

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