domingo, 3 de abril de 2011
A Arte de Luiz Fernando Almeida, A dama da noite.
Sempre gostei de Caio Fernando de Abreu. Meu primeiro contato com ele foi através do livro “Morangos Mofados “ que veio parar nas minhas mãos por obra e graça de minha tia, irmã caçula do meu pai, única mulher numa ninhada de cinco homens. Era rebelde por excelência e sempre me incentivou a ler e a gostar de musica. Achei aquele cara o maximo falando de umas coisas de alma que eu não entendia. E mais ainda, falando sobre amor entre homens e o preconceito das pessoas e a vida em relação a isso tudo. Os sentimentos viscerais, urgentes, desesperadamente loucos e gangrenosos. Aquilo tudo me afetou de uma porrada só. Não entendia muitas coisas do que ele dizia ainda, mas batia. Batia de uma forma irreversível, moldando um pouco meu caráter e minha forma de ver o mundo. Tempos depois li ”Onde Andará Dulce Veiga?” e era o mesmo jorro de palavras com sentimentos fortes e um tanto sombrios. Fiquei fascinado, tentando passar isso pro papel, querendo eu mesmo começar a escrever e também a querer identificar meus anseios, sentidos e palavras que buscava pra poder dizer um monte de coisa como aquele cara dizia, enchendo paginas e paginas de uma paixão frustrada e perdida. A tristeza sempre me fascinou.
É com o maior orgulho que vejo hoje numa pagina inteira do jornal “A Tribuna” a matéria sobre o espetáculo “a Dama da noite” conto de autoria de Caio Fernando Abreu, um monólogo difícil, com o meu amigo irmão LUIZ FERNANDO ALMEIDA, produzindo e atuando. Não pude ir aos ensaios pra poder matar um pouquinho a minha curiosidade, porque como todo operário das artes, o Luiz precisa de privacidade para criar e dar a luz sua loucura. É claro que ele não está sozinho nessa, está muito bem acompanhado pelo excelente diretor André Leahun que dispensa comentários, o figurino de Luiz Careca, da rede TV e irmão de longa data, cenografia de Dani Bevervanso e ainda projeções visuais do VJ Spetto. Tudo isso ajuda ainda mais o resultado do trabalho a ser o melhor, porque antes de serem todos profissionais muito competentes, são amigos, são uma família da qual tenho orgulho de fazer parte. Há quem diga que monólogos são chatos, são dificieis, que o publico não entende. Isso é puro conformismo e irrealidade, pura má vontade. Pois os monólogos são cheios de oportunidades incríveis do ator mostrar ao que veio, de palavra em palavra. Tenho orgulho da ousadia dele encarar essa e ousar tanto, apresentando um texto que é emocionalmente difícil e visceral ao extremo. Tenho orgulho por ser amigo de um cara que não para de trabalhar nunca a mais de vinte anos, e que resolveu mostrar que o teatro em santos pode deixar de ser amador sim, que é só ter a ousadia de sair do lugar comum, onde os outros artistas santistas se acomodaram e se jogar nesse precipício sem o mínimo pudor e medo. Porque teatro pra mim é isso. É se atirar num precipício e mostrar do que você é capaz. Sair da zona de conforto e encarar o desconhecido. Voar ou cair no esquecimento dos espetáculos sem graça e confortáveis, típicos dos atores que tem medo. Tipico dos que acham que o teatro santista será sempre amador e não ousam sonhar, não ousam quebrar todas as regras tolas e inviáveis que sustentam somente a vaidade dos falatórios e as opiniões ingênuas de quem também atua, mas tem medo de viver no palco, aquilo que reprimem em si mesmo. O Luiz já passou desse estagio, já escancarou a sua rebeldia de muitos jeitos, já desbundou, já quebrou muito a cara, já apanhou muito da vida, já conquistou muita gente, e agora vai tomar conta do teatro em Santos, que graças a ele, está aos poucos ressurgindo com vida e sangue novos. Eis ai o meu amigo. Amadurecido e pronto pra ‘bagunçar o coreto’ na cidade. Pronto para Caio Fernando de Abreu. Evoé.
Espetáculo : “A dama da noite”, um conto de Caio Fernando de Abreu, do livro “os dragões não conhecem o paraíso”.
Pré estreia na quarta feira dia 27 de abril na sala Plinio Marcos na Oficina Cultural Pagu - Cadeia Velha em Santos. com bate papo sobre a montagem e a obra do autor.
Quando : 30 de abril a 30 de julho
Onde: rua General Câmara, 99 (em cima da camisaria Estudante)
Horário : as quintas e sextas ao meio dia, entrada franca
Sábados, as 21hrs e domingos as 18hrs - 20,00 inteira e 10,00 meia
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